terça-feira, 13 de junho de 2017

BLACKFIELD V - 2017

A volta da parceria entre Aviv Geffen e Steven Wilson rende um dos melhores álbuns da dupla

Por Lucas Scaliza
V dá continuidade à sonoridade e à história do Blackfield exatamente do ponto em que IV terminou. A diferença é que desta vez Steven Wilson realmente participou do processo de composição e gravação do álbum, como a cara-metade inglesa do projeto ao lado do israelense Aviv Geffen que praticamente tocou a banda sozinho com o álbum anterior.
É fácil perceber desde a trinca de abertura do álbum – a instrumental “A Drop In The Ocean”, a moderna “Family Man” e a emocionante “How Was Your Ride?” – que a volta de Steven Wilson não condicionou o Blackfield a voltar ao estilo anterior do grupo, tão amado pelos fãs, nos dois primeiros álbuns. Pelo contrário: Wilson parece contribuir ainda mais para consolidar a nova direção sonora que Geffen iniciou em IV.
blackfield_2017
A produção é bastante contemporânea e não tenta voltar aos anos 70 e 80 como tantos banda e artistas têm feito atualmente. Os teclados (divididos por Eran Mitelman, SW e AG) e orquestrações (gravadas pela London Session Orchestra) continuam sendo tão importantes quanto as guitarras encorpadas e a bateria pungente (Tomer Z). A dupla, muito ciente do papel que desempenha tanto para o inglês quanto para o israelense, também mantém suas músicas dentro do rock/pop acessível, com canções relativamente curtas, mas sempre pendendo para o lado da melancolia. E apesar dos acordes simples que dão forma e fluência às 13 faixas, os arranjos são bem planejados. Nada de excentricidades no Blackfield, mas bom gosto é um imperativo do começo ao fim do novo álbum.
Como sempre, SW e AG dividem os vocais, mas caso você esteja chegando agora ao Blackfield, pode ser que nem repare na diferença das vozes, já que ambos usam alturas e regiões vocais muito parecidas. Mas o disco deixa que ambos tenham faixas específicas para se destacarem. Geffen brilha ao cantar “Sorrys”, uma balada levada pelo dedilhado do violão. Wilson surpreende em “October”, interpretando um pop de piano e orquestração com belas mudanças harmônicas que não lembra nada que ele já tenha feito anteriormente em alguma de suas bandas, mas nos lembra que SW é um fã de parte da produção do ABBA. “We’ll Never Be Apart”, com Geffen nos vocais, é uma das mais contagiantes, enquanto “From 43 to 48”, com Wilson no comando do microfone, é uma das mais lindas canções que o Blackfield já fez.
O rock de “Lately” é a única faixa realmente animada do álbum e sentimos toda a pegada da banda Blackfield, com direito a acordes com distorção e baixo martelando nos ouvidos. “The Jackal” também tem a pegada orgânica e roqueira, mas espertamente encaixou alguns interlúdios entre um verso e outro que traz a faixa para o universo tristonho da banda. Já “Life Is An Ocean” vai ganhando corpo e se aproveitando dos sons produzidos em estúdio para emular o poder das ondas no mar, já que o tema de todas as canções é o oceano e como ele se conecta às histórias contadas ao longo do álbum. “Lonely Soul” nos leva para o final da década de 1990 e anos 2000, quando vozes sampleadas eram uma tendência. “Undercover Heart” é outra faixa que mostra a mão da dupla para um pop de respeito, com versos sóbrios e refrão supermelódico.
Para caber na agenda de SW e AG, foi gravado ao longo de um ano e meio em sete estúdios diferentes (três em Tel-Aviv e quatro na Inglaterra) tendo a produção de Alan Parsons (músico e produtor que já trabalhou com SW em The Raven That Refused To Sing [2013]) nas faixas “Family Man”, “How Was Your Ride?” e “Sorrys”, que se tornaram os singles do álbum.
Blackfield V não tem a mesma vibe ou o mesmo frescor que II, mas trata-se de uma colaboração real entre os dois músicos fundadores do projeto que mostra evolução na produção e nas habilidades composicionais. Ao mesmo tempo em que fazem pop/rock que pretende ser radiofônico – o que nem sempre conseguem –, acabam se arriscando com experiências musicais diferentes que acabam caindo muito bem ao disco. Por isso, V pode ser colocado ao lado dos dois primeiros discos do Blackfield como um ótimo álbum cheio de canções que valem a pena e, de longe, o mais ciente do poder das melodias.
blackfield-v-sessions

sexta-feira, 2 de junho de 2017

SCARLET SKY [DISCOGRAFIA] RE-RE-REPOST

É muito bom quando a gente faz alguma coisa legal que proporciona alegria para os amigos e até para os inimigos, pois como já dizia Frejat: ..."SOU EU QUE ESCOLHO E FAÇO OS MEUS INIMIGOS"...
atendendo a incessantes e-mails com pedidos de amigos Franceses, Chilenos, Finlandeses, Poloneses, Holandeses, Americanos e Ingleses, vou repostar

LINK ATUALIZADO
É SÓ BAIXAR.....

Gostaria de brindar a todos akeles que gostam de um rock vomitado por mulher (e q mulher he! he! he!), segurem-se nas cadeiras e kurtam SCARLET SKY.



Esta banda que começou em 1992, gravou dois LPs e tinha um terceiro que não passou da fase “demo”. Scarlet Sky foi idealizada pelo guitarrista Guto Marialva e pela vocalista e compositora Inajara Gonsalvez. Na sua primeira formação, a banda também contou com o grande Koko Gennari no baixo e Gérard DeLeu na bateria.

O nome Scarlet Sky é de autoria da vocalista Inajara. Num final de tarde ela e Guto estavam observando um belíssimo pôr-do-sol com cores incríveis. A cor do céu possuia variações de amarelo, vermelho, púrpura e azul, compondo um cenário meio bíblico. Ela ficou observando aquilo quieta e, depois os dois comentaram que aquele céu parecia preceder uma "anunciação" de algum evento extraordinário. Foi então que Inajara veio com o nome Scarlet Sky. No mesmo instante Guto Marialva criou a música "Tempest". Esta música ficou guardada, e acabou vindo abrir o segundo LP da banda.


Trocando bateristas
Gérard DeLeu teve uma passagem relâmpago e logo foi substituído por Ricardo Confessori que, também saiu em seguida para integrar a banda Korzus. Entrou então o baterista Alex Nasser, que acabou gravando os dois únicos álbuns lançados.

Uma proposta internacional
Scarlet Sky assinou contrato com o produtor espanhol, Jorge Alvarez, O contrato foi assinado por intermédio de seu representante no Brasil, o empresário teatral Billy Bond (ex-vocalista da banda veterana Joelho de Porco). O objetivo do produtor espanhol era encontrar no cenário brasileiro uma banda que pudesse fazer par ao Sepultura.

Na fase de seleção das bandas a “demo” do Scarlet Sky despertou a atenção do produtor que ao ser informado que aquele vocal poderoso emanava da garganta de uma “gatinha” loira, assinou na hora um contrato para a gravação de 4 álbuns em 5 anos.

O contrato incluía lançamentos na Europa e Argentina. Os álbuns não deveriam ser lançados no Brasil. Tratava-se de produto para exportação.

Foi um sonho não consumado!
Infelizmente, nada do que estava planejado concretizou-se e o projeto foi interrompido com o lançamento do segundo LP.

O Primeiro Álbum: Scarlet Sky
Billy Bond co-produziu com Guto Marialva para a Sazam Records sob licença da Trash-B Records da Argentina o primeiro LP que foi lançado em 1993 e chamou-se simplesmente Scarlet Sky. Billy Bond também produziu o vídeo que agora torno público (veja no final desta página). Este álbum mostra um som básico, direto e pesado onde destaca-se o vocal inacreditável da Inajara que canta mais agressivo do que muito homem.

Os músicos presentes no primeiro álbum são: Inajara Gonsalvez (Vocal), Guto Marialva (Guitarra), Koko Gennari (Baixo) e Alex Nasser (Bateria).

O segundo LP foi lançado em 1994 e chamou-se The Portrait Of A Nation (Retrato de uma Nação). O baixista Koko Gennari tinha saído da banda e Guto Marialva tocou todos os instrumentos exceto a bateria que ficou à cargo do baterista Alex Nasser. Nos créditos consta o nome de Stephano Mucsi no baixo mas é tudo mentira pois foi o Guto que tocou tudo. O álbum, segundo o próprio Guto, é muito mais elaborado que o primeiro e com um resultado sonoro muito superior. Este álbum possui um cover muito interessante da música Strange Days do grupo The Doors onde Inajara mostra um vocal mais melódico e contém também um cover radical da música Why da banda punk Exploited.

Infelizmente não existem fotos do Scarlet Sky tocando ao vivo mas, parece que existe um vídeo de uma furiosa apresentação de 25 minutos feita no finado Victória Pub, acho que acontecida por volta de 1992. Vagas informações, não confirmadas, dizem que cópias piratas andaram circulando pela Grandes Galerias (Galeria do Rock) em SP.

Scarlet Sky - 1993

































Link para download
https://www.4shared.com/rar/-ia5lWD6ca/Scarlet_Sky_-_1993.html

Scarlet Sky - The Portrait Of A Nation - 1994





















Link para download
https://www.4shared.com/rar/JUidGkGFei/Scarlet_Sky_-_The_Portrait_Of_.html


O que aconteceu com os músicos?

Guto Marialva

Guto sempre atuou no cenário brasileiro de rock e música em geral. Foi o primeiro guitarrista da banda RPM (Antes que a banda estourasse na mídia). Guto mais tarde, retornou para acompanhar Paulo Ricardo na sua carreira solo, tendo gravado o LP Psicotrópico com ele. Participou ao longo dos anos de incontáveis gravações destinadas à publicidade, acompanhou vários artistas do cenário e atualmente é o compositor e produtor do disco de retorno do legendário Joelho de Porco que foi, “reinventado” por sua maior figura, o vocalista paulistano Próspero Albanez. Em julho de 2008 o disco estava em fase final de mixagem. Atualmente, Guto toca em um trio de Pop/Rock/Acústico chamado Cármina, onde é responsável pelos arranjos instrumentais. (www.carmina.com.br)

Inajara Gonsalvez

Vagas informações nos dão conta de que a Inajara parece que abandonou a carreira artística e dedica-se à capoeira lecionando em afamados colégios de São Paulo. Se ela luta com a mesma agressividade que cantava, tenho dó dos seus oponentes pois certamente ela é uma gata com unhas de leopardo! O site alemão “Metaleros”, afirma que a temática altamente política da banda era resultante da militância política da Inajara no Partido Comunista Brasileiro. Minhas pesquisas revelaram que muito embora ela não tenha sido filiada oficialmente, Inajara sempre foi simpatizante da causa e sempre freqüentou comícios e outros eventos relacionados.

Gonsalvez ou Gonçalves? Em algum momento, Inajara por razões pessoais e não questionadas pelo restante da banda, resolveu alterar a grafia do sobrenome Gonçalves para Gonsalvez. Quem sabe ela estivesse pensando no mercado estipulado no contrato da banda que visava a Europa, principalmente, Espanha (terra natal do produtor) ou talvez, quem sabe o mercado argentino pelo qual Inajara nutria particular interesse.


Koko Gennari (In Memoriam)
(17/04/1954) - (31/12/2008)

Koko foi o baixista membro fundador da banda Patrulha do Espaço na sua primeira formação ainda com o legendário Arnaldo Baptista nos vocais. Koko vive à vários anos em Londres, fazendo universidade onde está especializando-se em Jazz. Sou orgulhoso de dizer que tenho alguma coisa à ver com sua mudança para Londres. O Koko disse que saiu da banda porque “estava cansado de ter que fazer cara de mau e ser forçado a se vestir meio grunge”. O guitarrista Guto confirmou e acrescentou:

“Seriamente falando, as palavras do meu amigo Koko são literalmente a mais pura expressão da verdade. Una-se a isto um descontentamento natural pelo rumo que as coisas estavam tomando, cláusulas de contrato que não estavam sendo cumpridas pelo contratante, o triste panorama da falta de lugares para tocar, pouco dinheiro... e, como resultado, temos a receita certa para um motim a bordo.”

Alex Nasser

Alex continua na ativa, quebrando tudo, e recentemente juntou-se ao Guto para colocar a bateria nas gravações de algumas faixas do álbum do Joelho de Porco que está por ser lançado.










ENTREVISTA MTV
Em 1993 a banda Scarlet Sky lança seu primeiro álbum de mesmo nome é entrevistada pelo VJ Gastão no programa Fúria Metal na MTV brasileira. Este vídeo além da entrevista, também inclui o vídeo clip Virus of Corruption.


Fonte: Memórias do Rock Brasileiro
http://www.celsobarbieri.co.uk/index.php?option=com_content&task=view&id=79&Itemid=9